terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Vai Nu.

Em casa milhões o sabiam há muito tempo mas foi preciso um estrangeiro descalçar os sapatos para sublinhar o óbvio: o rei vai nu.

Chamou-lhe cão e atirou-lhe os sapatos.
Perdoem-lhe os caninos.

Foi indecente, imprudente e rude. Mas também foi bravo senão mesmo corajoso e mais importante: o seu acto infame de arremessar o calçado foi carregado de verdade.

Tornou-se da noite para o dia, e só por um dia, um símbolo da revolta calada que se expressa num grito.

Dizem as notícias que os árabes em geral sentem desconforto com o comportamento do jornalista descalço. Que mesmo aos inimigos, não se trata assim, que não foi cortês. Que semelhante episódio não pertence ali, é coisa de acontecer só pelas Américas. Que enfim... parece mal.

Desculpem-me as excelências a frontalidade deste vosso europeu, mas para mim faltam mais sapatos arremessados aos que fazem pouco dos outros. Olhando para o nosso cantinho à beira mar plantado, falta no meu sapateiro calçado suficiente que chegasse para assapatar a matilha que para aí anda: banqueiros corruptos e fiscais incompetentes, pedófilos em julgamento, políticos inertes e ministros autistas, jornalistas incompetentes e inconscientes (ou não, que só agrava a sua culpa) da desinformação que provocam ou permitem, jornalistas inertes, jornalistas que só falam na maddie, jornalistas marionetes que só falam no que lhes dizem que falem, e por mencionar deixo outros quantos ilustres.

Havia de ser bonito... Ficava o país descalço.

sábado, 22 de novembro de 2008

Porto

Consultar um instrumento das letras como o dicionário é sempre oportunidade para recordar o quanto as palavras nada valem, nada são.
do Lat. portu

s. m.,
__lugar reentrante na costa do mar ou junto à foz de um rio, onde os navios podem fundear;
__lugar onde se embarca ou desembarca;

fig.,
__lugar de refúgio ou de descanso;
__abrigo;
__vinho do Porto.


Já diziam à Alice que o significado que as palavras têm é apenas o que cada pessoa lhe atribui, consciente disso ou não, na imensa e complexa rede de conceitos vivos no seu tecido cerebral. A palavra Porto tem para mim, na malha de circuitos do meu tecido cinzento, significado pessoal, que nada se prende com definições comuns, quer à cidade quer ao néctar de uva local.

Tem talvez pontos de contacto com um desses portos de dicionário, que podem ser de abrigo ou desembarque, que quando navegamos em águas estrangeiras, porto desconhecido que nos recebe em terra estranha. (1)

O Porto que penso é muito próprio: Porto que é porta à memória, ponto de contacto, olhos nos olhos, com a saudade. De tal ordem que mesmo de pouco contacto e de poucas horas convividas, de quase zero conhecimento, por algo comum, nutre-se ternura e cumplicidade um pelo outro.
Compreendemo-nos e entendemo-nos sem sabermos nada do que o outro sabe ou pensa, de tal ordem que a conjugação no plural é em boa verdade um abuso de minha parte.

Compreendemo-nos e entendemo-nos porquando nos olhamos não nos enxergamos um ao outro mesmo estando à frente um do outro. Vemos além disso. (Vemos-te a ti António.) Como vêm, se estão a ler, as palavras nada são. Falei de coisas que só eu sei, de modo estranho talvez, porque talvez entenda que não as devo deixar claras. As palavras nada e tudo são.


PS: Adeus Porto.


1) Como é fácil cair em falácia quando percorremos os fios emarenhados do pensamento! Dizía acima que nessas teias de ideias do raciocinio, as palavras nada são, por serem tão próprias e pessoais, e no entanto, já antes do dilema da comunicação das ideias, só na solidão do nosso pensar, os conceitos não sabem sobreviver anónimos, carecem de nome para os podermos examinar. E se nos excusarmos dessa actividade de pensar o pensar, antes mesmo de limitarmos a comunicação, já nos estamos a reduzir ao estatuto dos outros animais sem língua que se entenda.

sábado, 15 de novembro de 2008

23













O senhor das gravatas rosas agradece as mensagens, as chamadas, as surpresas, e outros mimos, inclusive as chamadas que não atendi (desculpa *) e as que, por vinte minutos ou mais algumas horas, já só vieram no dia 13.


'Brigado.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Acordar

Que droga foi a que me inoculei?

Nem ópio nem morfína. O que me ardeu,
Foi álcool mais raro e penetrante:
É só de mim que ando delirante
Manhã tão forte que me anoiteceu.

excerto de «Alcóol» de Mário de Sá Carneiro

Fon Fon Fon

Tasquinhas de Arruda, 5 Nov 2008, Deolinda alegra a noite com especial destaque para o fon fon fon.




Num registo mais meloso, há quem ande a raptar Melros para usufruto pessoal.

sábado, 1 de novembro de 2008

racionais

A perseguição da excelência, qualquer que seja a sua definição e o seu contexto, é uma busca que não termina. É uma prática, é um contínuo, é um desafio constante que requer a luta diária contra o laxismo em todos os cantos onde o encontremos e toda a situação em que a preguiça nos tente. Como aconselha a Rainha de Copas à Alice: no mundo real tens de correr duas vezes mais depressa só para te manteres no mesmo sítio.

«We are what we repeatedly do.
Excellence then, is not an act, but a habit
Aristotle

Urge repetidamente uma chamada de confronto interno com a realidade. Nessa actividade contínua e implícita de todos que é a arrogante vontade de querer ser mais e melhor, há a sublinhar a importância do ponto de controlo necessário a qualquer gestão, o terceiro passo no ciclo de Deming: check.

«Obstinas-te em ser mundano, frívolo e irreflectido, porque és cobarde. Que é, senão cobardia, o não quereres enfrentar-te contigo mesmo?»
Josemaría Escrivá

Este é naturalmente o ponto problemático do processo pois envolve a maldita introspecção, como nos aconselha a placa na cozinha da Oráculo (Matrix): know thyself. O passo seguinte, o da acção em conformidade com a situação identificada, deveria ser uma consequência natural emergente deste conhecimento.

Se o não é, falha de base a resolução, a solidez do conhecimento, ou a honestidade e profundidade da introspecção. Pior será se falha de base a vontade, a crença, e a motivação implícita de trilhar um caminho que se diga de progresso, de mais e melhor, e de salutar individualidade. Não é necessário conhecer o caminho, até porque não é possível conhecer o caminho. Mas como responde o gato à nossa confusa amiga Alice: senão sabes para onde vais, qualquer caminho te levará lá.

Os trajectos pré-programados são portanto inúteis. O importante é saber como se quer caminhar, porquê, e saber ajustar o percurso à medida que vai sendo trilhado.

«I have always found that plans are useless, but planning is indispensable.»
Dwight Eisenhower

É deste processo que são feitas as únicas certezas válidas, as da ciência. As leis que são forgadas na chama da dúvida. É apenas sobre uma cultura de dúvida, de inquisição, de contante verificação que se podem manter válidas crenças, admitindo-as como hipóteses a (des)provar e não como inquestionáveis.

É pela submissão ao processo científico da dúvida e à vontade da melhoria contínua que podemos estar certos de que a nossa liberdade não é alienada. É assim o método científico, deveria ser assim (por principio é) o método eleitoral vigente dos estados democráticos. Funciona para a evolução da raça e para a passagem e melhoria do conhecimento colectivo. É a base da governação mais igualitária e imparcial que até ao momento se conseguiu atingir (ainda que menos eficiente a nível financeiro, é um preço a pagar de bom grado pela garantia da liberdade).

Parece-me por tudo isto um bom modelo para governação pessoal.

Mas fora deste âmbito do rigor e da frieza e do que é mensurável nas relações humanas, surgem os pequenos saltos de fé. A palavra pequenos é aqui empregue com um intento manipulador pois todos os saltos de fé, sendo saltos, são para qualquer cientista grandes demais.

Mas, humanos que somos, resta-nos nas nossas interacções, humanas, simplificar as nossas crenças. Dogmatizar. Em particular as crenças mais complexas. É-nos portanto necessário, por optimização, aceitar como certo o que não podemos, não sabemos ou não queremos verificar.

É preciso em certos pontos, dar um salto de fé, mesmo sabendo que existe o risco de se cair. É assim que se lança qualquer empreendimento, financeiro, empresarial, social, pessoal, individual ou partilhado, que tenha a boa ventura e o privilégio de alcançar algum sucesso e com um pouco de sorte, tornar-se algo duradouro.

«Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better. »
Samuel Beckett

Todos caímos, mas sem tirar as rodinhas à bicicleta ninguém aprende o equilíbrio. Como Locke (o careca da naifa, não o filósofo) por vezes quando estamos perdidos resta-nos este salto.

Chama-se confiar.

Dito tudo isto, gostava de concluir sublinhando que tudo o que digo está naturalmente, tal como o próprio método cientifico e o regime democrático enquanto formas de organização e pensar,
sujeito à prova (em contrário). Todos os comentários são portanto encorajados e bem vindos.

Bem, tudo à prova menos isto: Sejam felizes!

:-)

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Tranquilidade

Aos sábados, o cantinho no primeiro piso que o cliente reservou à nossa equipa, é tranquilo. Não é bom sinal quando se sabe quão agradáveis são as intalações do cliente ao fim de semana. Mas mau augúrio é essa calma de sábado que já se sabe, antecede tempestade.

Qual Katrina, qual Gustav... O Furacão Zázá atinge variações de escala do mais aviltante que o ser humano conhece. Vem de leve com o inicio da semana, preguiçando paciente ao raiar de cada nova manhã. Devagar, devagarinho, ao longo dos dias da jornada laboral lá vão surgindo os repentes. Seguem-lhes os pequenos gritos, quase guinchos, e a a injúriazinha aqui e o levantar de tom acolá. Subtis presságios da ira por consumar, intervalados pelo tom sereno e delicado reservado à classe das secretárias, voicemails e outros intermediários necessários a ultrapassar com suavidade para poder alcançar o fim, alguém do outro lado da linha para vilipendiar.

Mas a intermitência do altifalante ambulatório é de pouca dura, cedo estala a bomba e rebenta a berraria. Pouco é preciso para Zázá passar o limiar da compostura e começar o trovejar de brejaria, ralhos, asneiras e risadas. Tudo entrosado com uma lógica de argumentação delicerante: "(...) seus grandes nhó nhós, que granda porra! só fazem merda!"

E é assim que o cantinho tranquilo ao sábado se transforma durante a semana em local de vendaval. Não resistem as faculdades lógicas do mais paciente santo. É constante o sobresalto provocado pela incerta intempérie que, quando menos se espera, irrompe em fúria.

Resta-nos imiscuir no pacífico ruído de fundo do debate civilizado dos colegas e clientes, do bater das teclas e dos telefones por atender, e em caso extremo, recorrer ao último reduto de abrigo: os édefones. Zázá que expluda sózinha, ignorada. Furacão ou não, tamanha irritabilidade por certo manifesta a falta de algo (alguém viu o Ambrósio?).

Para imiscuirem vós, caros leitores, aconselho uma música que me transmite alguma paz a este caos diário:

If You Were A Sailboat


If you're a cowboy I would trail you,
If you're a piece of wood I'd nail you to the floor
If you're a sailboat I would sail you to the shore
If you're a river I would swim you
If you're a house I would live in you all my days
If you're a preacher I'd begin to change my ways.

Sometimes I believe in fate,
But the chances we create
Always seem to ring more true.


You took a chance on loving me,
I took a chance on loving you.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

obrigado pelo mail, por aqui responde-se mais fácil

Três empregos que tenhas tido: estudante, investigador estagiário, consultor
Três séries: House, How I Met Your Mother, Coupling
Três filmes: Pulp Fiction, Casablanca, Ocean's Twelve
Três livros: O Homem do Castelo Alto, The Partner, Enquanto Salazar Dormia
Três poemas: O Recreio (Mário de Sá Carneiro), The Escaped One (Fernando Pessoa), Cântico Negro (José Régio)
Três lugares onde tenhas estado: Recife, Londres, Estarreja
Três lugares onde tenhas estado nesta semana: no escritório, no cliente, e no sofá (que, há-que dizê-lo, é bem agradável! Sem prejuízo para os outros dois)
Três passatempos ou coisas que gosto:
café, de preferência a acompanhar conversas prolongadas,
ler tudo o que é notícia e blog desde que fale de ciência, economia, ou tecnologia,
e claro: folia em geral
Três tipos de comida que gosto: tradicional regional portuguesa (ROJÕES! Enchidos! Polvo à Lagareiro), italiana (pizza, pesto, risotto), japonês (mais noodles que sushis)
Três locais onde preferia estar neste momento:
na piscina ou no ginásio, se tivesse energia;
num concerto de jazz bem acompanhado;
no Garfunkels de Oxford Street ou perdido em Camden Town
Três coisas que quero fazer este ano:
viajar (algumas opções/ideias: Barça, Veneza/Milão/Roma, Nova York, Egipto, Vienna, Porto),
aprender coisas novas (conduzir por exemplo :P cozinhar... etc.),
ver mais teatro!
Três palavras: aviltante, esdrúxulo, patranhas
Três palavras esta semana: car-jaquim, nhó-nhó, confidencialidade
Três músicas: All the things that I've done (dos assassinos), The Story (sim, a rádio não se cansa - me neither), I'm Only Sleeping (dos carochos)

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

não me mandes mais powerpoints

Patrocinado pela laboratolarilólela do Markl... apresento-vos um achado digno de nota. Trata-se somente da primeira balada romântica foleira tecnológica! De origem brasileira, esta versão de Élvio Santiago está em português de Portugal, encorajando à reflexão conjunta sobre o acordo ortográfico!


terça-feira, 16 de setembro de 2008

Bom Português

Acordos ortográficos à parte, a nossa lingua é rica em artimanhas e interessantes quid pro quos que lhe conferem um certo charme, algum je ne sais quoi, e uma pitada de xanan! Uma dessas pequenas subtilezas está na fonética de palavras homógrafas, que como o nome indica, têm a mesma forma escrita - a mesma grafia.

"Palavras homógrafas são aquelas que têm a mesma grafia mas a acentuação, a pronúncia e o sentido são diferentes." - fonte: WikiBooks

De notar o pormenor da pronúncia, que não é dependente de acentuação gráfica das palavras. Por exemplo, como indica o wikicionário, um quadrúpede pode diferir substancialmente de uma arma medieval, e embora ambas se escrevam com a mesma grafia sem acentos "besta", uma lê-se "bêsta" e outra "bésta"

Em caso de dúvida com a língua já sabem: consultem um especialista.

(toma toma, eu nunca me engano e raramente tenho dúvidas xD)

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Cultura

Depois da National Gallery, dos Cabinet War Rooms, e do Museu de História Natural, fica a promessa de quando passar por Nova Deli, na Indía, o museu a visitar é sem sombra de dúvida o Sulabh International Museum of Toilets! Sei de uma menina na Argentina que vai ficar roída de inveja de não ter descoberto este tesourinho da porcelana de higiene pessoal primeiro que eu. 

Será que têm lá bidés estranhos tipo sul-americanos com repucho e torneiras do meio? Só há uma maneira de saber bébé!

domingo, 14 de setembro de 2008

Camden Town


Olá Camden! Olá prima!


bolas de sabão no meio da rua?

Simplesmente mágico! :-)

e tu? mordes?

Num momento de descontracção, o poeta Carlos Drumond de Andrade escreveu:


"Satânico é meu pensamento a teu respeito, e ardente é o meu desejo de apertar-te em minha mão, numa sede de vingança incontestável pelo que me fizeste ontem. A noite era quente e calma e eu estava em minha cama, quando, sorrateiramente, te aproximaste. Encostaste o teu corpo sem roupa no meu corpo nu, sem o mínimo pudor! Percebendo minha aparente indiferença, aconchegaste-te a mim e mordeste-me sem escrúpulos. Até nos mais íntimos lugares. Eu adormeci. Hoje quando acordei, procurei-te numa ânsia ardente, mas em vão. Deixaste em meu corpo e no lençol provas irrefutáveis do que entre nós ocorreu durante a noite. Esta noite recolho-me mais cedo, para na mesma cama te esperar. Quando chegares, quero te agarrar com avidez e força. Quero te apertar com todas as forças de minhas mãos. Só descansarei quando vir sair o sangue quente do teu corpo. Só assim, livrar-me-ei de ti, mosquito Filho da Puta!"

because life is too short to drink bad wine


LONDON

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

LOVELY!

A revista sem malandrice no aeroporto, o stresszinho do embarque a correr para o avião, o senhor bruto no lugar à frente e a suave "terrible landing", os putos árabes do colégio de Valentine a gozarem connosco enquanto acartavamos os trolleys "Do you know where the London Eye is?", os Pollocks que salvaram a visita ao Tate Modern, os pés doridos, todos os caminhos que vão dar a Picadilly e as lojas Oxford Street abaixo, os Donuts e os Muffins, os Dinossauros e os Mamutes e a estátua do Darwin, os músicos no metro, os autocarros que vão do lado errado da estrada, o Big Ben, a magia do Globe Theater, as chatices, voltar a patinar no gelo, o intermitente e sempre presente Gap do Tube, os Monets e os Van Goghs e os Turners e a Madonna dos Rochedos de Leonardo, as escadas *todas* da Catedral de St. Paul,  os Chocolate Fudge Brownies, o episódio no Tube do "Please don't lean against the doors, we know it's crowded but who knows what will happen, maybe they'll open... use your imagination", os mimos, os Cabinet War Rooms, o Regent's Park, os freaks de Candem Town e a maluqueira da Cyberdog, as pizzas do Garfunkels e o ritual da colher slop slop slop, a vida de Trafalgar Square e as estátutas por todo o lado, o guarda da London Tower, nós perdidos em Ilford, os brinquedos, o pai de família junto ao Jim Carrey na Madame Tusseau que cumprimentou os ingleses com um "E agora vão todos para o cara***!" à nossa frente, a comida estranha e a chuva, os mercados, o cheiro a café e os Capuccinos take-away,  o ambiente dos pubs de Soho, os artistas de rua de Convent Garden, os chás, as jantaradas bem dispostas no Wagamama, a t-shirt do "Today Is Not Your Day", e por fim: o cheiro a Portugal.

domingo, 31 de agosto de 2008

I've got Soul

protesto em Londres no 5º aniversário
da guerra no Iraque - (c) AFP


terça-feira, 19 de agosto de 2008

Identidade, Realidade, Photoshop

Quão profunda é a influência cultural do software de edição de imagem capaz de manipular fotografias como o Photoshop?

Um recente artigo no New York Times aborda a questão dando a conhecer histórias reais como a de uma mulher que pediu a um amigo que editasse fotografias das férias dos últimos doze anos para digitalmente apagar o seu ex-marido das recordações digitais. Outra história é a de uma senhora que, após a morte do seu pai, contratou um profissional para criar um retrato composto dos dois juntos. É a única foto que tem dela com o pai. É falsa, mas não faz mal.

A fotografia atravessa assim uma fase surreal: a sociedade redescobriu neste meio um veículo de realidades forjadas. Mas o terrível é que a fotografia confere a estas ilusões uma presença e uma autoridade indevidas. O legado puro da fotografia como meio de documentação não só está manchado, é abusivamente manipulado como garantia de verdade conferida a artefactos mentirosos.

A utilização destas técnicas de manipulação digital por parte da indústria da moda (atitude desmascarada pela campanha 'Beleza Real' da Dove) não chocou o mundo. O governo Iraniano foi apanhado recentemente por ter digitalmente manipulado imagens e vídeos do lançamento de misséis de teste. Mas a reacção foi apenas de gozo e descrédito.

Não deveriam estes exemplos ser levados mais a sério? São apenas alguns casos que, por incompetência ou acidente, foram detectados. O caro leitor pode estar a ser neste momento colocado numa foto a abraçar George W. Bush ou o Quim Barreiros.

Mais assustador é quando a surrealidade da premissa de Orwell de manipulação do passado comum é transportada para o espaço familiar e pessoal da auto-decepção. Estamos a falar do próprio indivíduo, ou de individuos em grupo, a alterarem conscientemente parte da sua história. Não para manipular o cliente, o cidadão, ou o eleitor, mas para se manipularem a si mesmos.

A fuga aos problemas da realidade é tão antiga como as drogas e o entretenimento. Mas que fraca endurance emocional é esta, em que queremos escrever falsas realidades invés de aceitar as coisas como são e - quando possível - trabalhar para as mudar?

Tal como a cirurgia estética esta é mais uma ferramenta de dissimulação na busca individual pelos ideais artificiais e impossíveis da sociedade moderna de perfeição. Uma moral corrosiva esta, que em prol do desejo de uma vida perfeita - passado e presente - tudo vê como passível de ser corrumpido e obliterado. Até a memória, que é senão o que nos define.

De lembrar o poema de Alexander Pope que retrata a angústia de Eloisa face aos desejos carnais que nutre pelo eunuco Abélard. Confrontada com a contradição, Eloise implora não por perdão mas por esquecimento:

How happy is the blameless vestal's lot!
The world forgetting, by the world forgot.
Eternal sunshine of the spotless mind!
Each pray'r accepted, and each wish resign'd ...

Citando o desfecho do filme Vanilla Sky, em que a personagem principal também escolhe viver na ilusão para fugir aos dramas da realidade: Abre los Ojos.

Estão vivos, então vivam!

domingo, 17 de agosto de 2008

Atitude Olímpica

Phelps ganhou a oitava medalha de ouro. De assinalar o relato fantástico do comentador da RTP, o link é para o vídeo RTP de Phelps a ganhar.

Phelps vai chegar à frente. Repare-se naqueles braços, na colocação perfeita das mãos. Ele tem uma ondulação fabulosa, uma pernada impressionante, uma flexibilidade na coluna, nos braços... todo ele é um golfinho! - Comentador RTP (video)

Outro vídeo RTP dos olimpicos de nota é do atleta português do lançamento do peso. Fez uma prova fraca, culpou o horário da prova, e riu-se de si mesmo. Bem vistas as coisas, teve uma atitude deplorável, não por falhar, mas pela forma como encarou o falhanço, tentado desviar a culpa, mais valia estar calado.

Comentou também o quão única é a experiência de participar nos olímpicos para um atleta, o que no contexto da sua derrota e da atitude que demonstrou, só serviu para acentuar a ideia de que ele não devia estar ali.

Sim, posso soar um pouco extremista, mas vejam o vídeo, oiçam o tipo, e perceberão o que estou a dizer. Mais valia que tivesse ficado na caminha...


PS: a RTP é uma grande poia por não meter os vídeos no YouTube ou pelo menos não possibilitar que sejam embebidos noutros sites (como blogs, como este). Tacanhos. Não vêm que perdem mais (em potencial viral de distribuição dos conteúdos que são únicos para nós, portugueses, na nossa blogoesfera, o que por consequinte teria expressão numa forte presença online da marca RTP) do que ganham em fechar os conteúdos no seu site (lucro dos clicks? dos hits na página deles? trolls... ganhavam mais tráfico para as páginas deles criando mais visibilidade da marca online). A SIC e a TVI não lhe ficam atrás em pequenez.

sábado, 16 de agosto de 2008

Matilda Ledger

Além do seu fantástico papel como Joker, Heath Ledger estava também envolvido num nome filme de fantasia de Terry Gilliam intitulado The Imaginarium of Dr. Parnassus. Com a morte de Ledger o filme ficou em suspenso. A solução que Terry encontrou foi utilizar imagens geradas por computador das feições da personagem de Heath a transformarem-se (nas de outros actores) durante a sua passagem por outras dimensões mágicas.


Três excelentes actores aceitaram o desafio e entraram no filme para representar a personagem de Heath pós-transformações. Johnny Depp, Colin Farrell, e Jude Law salvaram o filme. Agora doaram o dinheiro que lhes cabe pela sua participação no filme à filha de 2 anos de Ledger, Matilda. Quiseram, dizem, assegurar o futuro da pequena.

Disse excelentes actores? Mais, são pessoas fora de série! Não é todos os dias que se vê um gesto assim.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

In the Olympic Spirit

While everybody was watching the games, Russia invaded Georgia. I read reddit and digg and etc... I knew. Most people I know, didn't until I told them, the only thing they knew had happened was the great oppening of the Beijing Olympics. They even thought I was kidding.

Meanwhile the Russians are backing off, and the games continue. I wonder if some people are so immersed with the swimming world records being broke that they haven't noticed at all that a proxy-war was fought. A proxy-war, akin to other battles fought during the Cold War.

The US did close to nothing during this war, Bush moaned and other than that, the USAF gave a lift out of Iraq to 800 Georgian troops. America lost the battle of South Ossetia. Probably they didn't expect Russia to support their allies, Russia is known for betraying allies. But when lives are at risk, when wars are fought, only morons rush in with best case scenarios in mind. The same morons that invaded Iraq and are now stuck there.

Military-wise the US didn't present a threat to the Russian operation because all American military might is locked up in Middle-East (there's where the oil is, right?). US Army is just spread too thin. The Russians knew this would have to end up eventually, but no need to rush, enough time to scare the hell out of Georgians for thinking they can do whatever they want just because they're friendly with the US. Guess what? Doesn't guarantee you much if Russia decides to trumple over the border.

Diplomacy-wise, how can Bush claim any moral ground and say ill of Russia for invading a sovereign nation? Iraq was a sovereign nation. So was Afghanistan. So are others such as Iran, North Korea and Pakistan. How can a warmongering President, who also happens to be an idiot, expects any credit overseas for preaching for a cease-fire or for saying that the invasion of a sovereign nation is wrong?

No medals up for grabs when it comes to war, but this time, in this game, America really missed the mark.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

you can always lean on me but

notificação formal

Em 92, dois anos antes da data da sua morte, Charles Bukowski fez ao mundo o favor de escrever uma deliciosa prosa anti-social (aviso: linguagem ofensiva):


notice
citizens of the world
I rennounce you.

I have
long ago.
but this is a formal
notice.
me against
you.
a restraining
order.

fuck off.
dry up.
vanish.

don't come to
my door
with pizza
pussy
or offers of
peace.

it's too late.

the music has
frozen in the
air
castrated by the
absence of your
presence.

Cão Azul

Caros leitores, a quém me quiser oferecer T-Shirts do Cão Azul, eis aquelas que realmente me suscitam riso compulsivo ou pelo menos um esgarzinho:




Recomendo ainda para o amigo Animal Político esta mensagem:

(ainda não é este ano que vais a medalhas portanto :P)


Não posso também deixar de comentar o quão apropriada é esta outra t-shirt para o Mário Augusto da Castanheira (o Zé)

(melhor melhor só se fosse a cena da Stella :D)


PS: falta uma T-shirt no espírito olímpico com ilustrações devidas e o texto "Invading Georgia is Not a Sport"

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Quid Bono?

Das coisas que nos rodeiam, algumas têm uma certa carga. Exercem continuamente pequenas forças, têm uma história, são gravidade.

Outras, bem vindas, são como se fossem quase tabula rasa. Só sabem puxar para cima. Like Jazz.

The funny thing is, your surroundings are of your own choice.


Flutuar.




sexta-feira, 1 de agosto de 2008

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Conversa de Rua #2 - A Bomba de Vermelho

Z - Não é dele.

D - Sim, não tem aspecto que seja.

Z - Viste-lhe bem as ancas? E que belo roncar que tinha.

D - Vi bem vi... Definitivamente é de aluguer.

Z - Mas estranho que o gajo não esteja a olhar para todo o lado, armado em bom.

D - Pode querer fazer parecer que é dele... mas é complicado.

Z - Pois. Mas quem aluga um Ferrari é aproveitar todos os minutos.... São uns 50 contos à hora.

D - Isso dá quê? 500 contos um dia?

Z - Mais coisa menos coisa sim. Se fores a ver é mais ou menos como uma acompanhante de luxo.

D - Mais ou menos... Mas o carro não faz essas coisas que estás a pensar.

Z - Oh está bem... mas a p$#* também não ronca assim!

D - Lá isso...

esta história, em modo dramático :P

terça-feira, 29 de julho de 2008

Empreender

Já sei. Já sabia há uns meses. Mas a falta sublinha a certeza. Quero o que sempre quis: fazer algo meu. O homem da ideia que aposta e que, contra as hipóteses, as convenções e o cepticismo, consegue vingar (ou ... lixa-se).

Já sei o que quero fazer: empreender. Resta o quando e os detalhes, coisa que nesta indústria time won't tell.




Antes do próximo passo, há que recapitular as lições da aventura que foi fazer algo meu num ambiente controlado. Foi de longe o projecto em que me deu mais gozo trabalhar nos últimos 5 anos.


#1 . Liderança Partilhada
O que há para jantar? Sangria e planos da pólvora :-)

A direcção tinha uma estrutura tão minimalista que havia espaço para um acto contínuo importante: a discussão estratégica sobre os meios, os objectivos, e o spin. Validadas em equipa, as ideias ganham em credibilidade e as decisões em certeza.

O avaliar e re-avaliar constante do caminho crítico, a capacidade de planear testada no momento, os planos ao lixo, a contínua iteração estratégica.

Foi assim o arrancar deste empreendimento, como o planar de uma avioneta a dois motores. Sempre que um dos motores se ia abaixo, o outro fazia a compensação devida. Mais que uma vez foram precisos os dois em rotação máxima para não cair.


#2 . Enjoy
Se o trabalho é diversão, é quase injusto chamar-lhe trabalho.

Como já disse, nada me trouxe tanto gozo nos últimos tempos a nível profissional. Também nada me deixou tão à beira de um ataque de nervos, tão frustrado, e tão zangado. Este estado de paixão e dedicação não me parece trivial de alcançar sem algo de muito pessoal investido no sucesso do projecto.

Quando se dá o nosso tempo, se põe em linha a própria reputação, é criada expectativa, e a dedicação é total, a falha torna-se inaceitável, impensável, e a sua consequência imensurável.


#3 . Danos Colaterais

A parte menos boa é o lado solitário da caminhada. É também a lição mais importante e mais grave. Criámos um espaço de escape na direcção, em que sabiamos que podíamos nos atacar mutuamente, criticar, exprimir, descomprimir, explodir. Era um espaço controlado, não era real.

Nunca estive só, mas alienei algumas pessoas importantes que têm o direito de se ter sentido de parte. Mais que isto, houve momentos de stress prolongado em que a obsessão pelo projecto me tornou de tal modo irritável que, por duas vezes, explodi fora do espaço controlado. Sei que magoei pessoas que mereciam melhor.


#4 . A Perfeição é Sobrevalorizada

Esperar pelos momentos perfeitos, pelo refinamento ad-nauseum do produto, pela perfeição de todas as variáveis, é esperar para sempre. Produzir algo imperfeito mas capaz foi mais que suficiente para conquistar os objectivos.



Já sei o que quero a médio longo prazo. Agora é preciso tempo.

X

X-Man: Quer xis-queique de morango ou bolo de laranja com xucláte?

R: Já não tem mouche de ananáche? Então podia ser o xis-queique e um excafeínado por favor.


Qual não foi a minha decepção quando constatei que a forma do cheesecake não era efectivamente em 'Xis' como me tinha sido sugerido. De notar também que um 'xis-queique' como deve ser, além de ser em forma de X não deveria ser de morango mas, claro está, de frutos xilvesteres...


Ainda vi uns profiteroles a voar direitinho a uma das primeiras mesas. Como o x-man pronunciaria o nome desse doce permanecerá um mistério até à próxima visita ao 'Expaxus'.


PS: Parabéns ;)

Conversa de Rua #1 - Bairro

Diz quem sabe, que toda a publicidade possível é desejável...


Eu - A avaliar pelo último post no teu blogue já dominas a lingua de "nuestros hermanos" hum?

Ele - Yah yah.

Eu - Fixe man :)

Ela - Ah eu acho que também leio o teu blogue!

Ele - Ai sim?

Ela - É o Castelo da Escócia não é?

Eu - Não... esse é o meu. :-)


Então e quando um acidente de marketing afecta o branding? Em caso de dúvida vale a máxima de que mais vale que falem em engano do que não falem de todo.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Ta Da! Magic!

some men just want to watch the world burn

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Postura

Ele até pode ser flip-flopper e só mais um político, pode ir fazer guerra na mesma (ainda que não durante 100 anos) como Bush e McSame, pode estar a jogar o sistema e a contar os votos do centro e a afastar-se da base liberal e de alguns democratas, a piscar o olho ao voto bipartidário e ao voto independente, e certamente pactuou com uma "segurança" orwelliana apresentada pelo Foreign Intelligence Surveillance Act.

Foi retratado pela campanha de McCan't como um inexperiente, incapaz em assuntos internacionais e na perseguição de terroristas e nas lides da guerra. Mas a uma outra luz, a da foto abaixo, é nos revelada a imagem ímpar de um Barack decido e apto. A postura de um líder, que bebe do General Petraeus os factos sobre o teatro de operações de guerra em solo iraquiano.


Aqui há algo. Gravitas. Postura de liderança. Atitude de verdadeiro Commander-in-Chief, apresenta-se com um sui generis ar de mau mas não de malandro ou, como por cá se usa, dizem que "faz e acontece". Não precisou de anos de prisão de guerra na Coreia, bastou-lhe um momento oportuno de luz bem captado.

Toda esta austeridade aflige um pouco, bem presente que está na memória a pitoresca eleição do Melhor Português de Sempre, mas não é caso para alarme. Trata-se apenas de mais uma faceta de um homem que já se mostrou também inspirador e carismático. E por entre posições e contradições, quanto mais faces e facetas, opiniões e imitações, palavras e comparações, mais grupos de votantes se vão angariando na onda da Obamania.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

o País e o Mundo

1. Europa

Esta tarde, no final da cimeira, o Presidente francês, que dentro de duas semanas vai assumir a presidência do Conselho Europeu, avisou que “não cederá” nesta matéria apesar de a sua proposta ser contestada por vários países, nomeadamente a Alemanha.


“Respeito a posição dos meus amigos alemães, que consideram que devemos deixar o mercado fazer o que tem a fazer, mas essa não é a minha posição”, afirmou, acrescentando que “aplicar uma taxa de 20 por cento sobre um barril de 42 dólares não é o mesmo que aplicar 20 por cento sobre um barril a 139 dólares”. “Não devemos beneficiar da fiscalidade numa altura em que criticamos os excessos da especulação", sublinhou.




2. Marte

After a decade of shouting, “Follow the water!” in its exploration of Mars, NASA can finally say that one of its spacecraft has reached out, touched water ice and scooped it up.


Now, scientists will be able to tackle the main question they hope to answer: Did the ice ever melt and turn Mars into a habitable place?

3. E por cá?


O Presidente fala ao país: "Há vida e desafios para lá do futebol"

Acrecenta ainda: "O dia de ontem já passou”

Bolo Rei anyone?

Dúvida


Porque é que o melhor do mundo faz pose à Peter Pan?


PS: Sugestão #1: tem as pernas assadas

You should take some time off...


Às vezes penso: e se eu me dedicasse á vinicultura... quem me apoiaria?


Eu apoio-te pá, o Abromovitch apoia-te, até o Murtosa de sempre te apoia! Agora vai lá pisar uva e deixa a selecção ao Cajuda para 2010.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Wisdom


To know and not to do is not to know.
- Provérbio Asiático

Toda a verdade do mundo está escrita em bolinhos da sorte asiáticos.
- Provérbio Ocidental

Aquém e Além


Sorriso, diz-me aqui o dicionário, é o acto de sorrir. E sorrir [...] é rir sem fazer ruído, executando contracção muscular da boca e dos olhos. [...]

O sorriso, meus amigos, é muito mais do que estas pobres definições, e eu pasmo ao imaginar o autor do dicionário no acto de escrever o seu verbete, assim a frio, como se nunca tivesse sorrido na vida. Por aqui se vê até que ponto o que as pessoas fazem pode diferir no que dizem. [...]

Não há dois sorrisos iguais. [...] temos o sorriso de troça, o sorriso superior e o seu contrário humilde, o de ternura, o de cepticismo, o amargo e o irónico, o sorriso de esperança, o de condescendência, o deslumbrado, o de embaraço, e (por que não?) o de quem morre. E há muitos mais. Mas nenhum deles é o Sorriso.

O Sorriso (este, com maiúscula) vem sempre de longe. É a manifestação de uma sabedoria profunda, não tem nada que ver com as contrações musculares e não cabe numa definição de dicionário. [...] Se move músculos é porque não tem outra maneira de exprimir-se. Mas não terá? [...] Quando a luz do sol passa sobre os campos ao sabor do vento e da nuvem, que foi na terra que se moveu? E contudo era um sorriso.

underneath this smile lies everything

Mas eu falava de gente, de nós, que fazemos a aprendizagem do sorriso e dos sorrisos ao longo da vida própria e das alheias. [...] A tudo isto é que eu chamo sabedoria. [...]

Dir-me-ão que não cabe tanto no sorriso. Eu digo que cabe. Soube-o a noite passada, quando foi ele a única resposta para a insónia e para os monstros do pesadelo nascido no sono [...] Sorrir assim, mesmo sem olhos que nos recebam, é o verbo mais transitivo de todas as gramáticas. Pessoal e rigorosamente transmissível. O ponto está em haver quem o conjuge.

- José Saramago

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Luz, Câmara, Lego!

Eis o resultado de combinar uma técnica de iluminação apurada para fotografias Macro com pequenas figuras Lego e por inspiração tomar fotografias clássicas. Toda a galeria deste fotógrafo é fantástica e, se alguém achar que uma destas ficava bem pendurada numa parede do meu quarto, o fotógrafo vende posters na redbubble.

some rights reserved

A destacar da galeria as seguintes peças: Hand of God, D-Day, V.J. Day Times Square, Iwo Jimma, Tiananmen Square, Moon Landing e para os entusiastas da fotografia, não se esqueçam de procurar os fantásticos setup shots!

porque estás sempre presente

Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He Is Dead,
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last for ever: I was wrong.

The stars are not wanted now: put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood.
For nothing now can ever come to any good.

- W.H. Auden



Para me dirigir a ti volto às palavras que não são minhas e reservo a poucos:

"Porque os outros se compram e se vendem
e os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não."

domingo, 8 de junho de 2008

Vagabunda do Espaço



Robert Kennedy - um Homem, um Líder

Um homem que mais do que se opôr à Guerra, lutou contra a pobreza e a descriminação racial. Como MLK e o seu irmão JFK, homens que vivendo pouco, marcam muito.

Este discurso de Bobby, dado em Indianapolis no dia da morte de Martin Luther King, foi considerado como um exemplo sublime de política ao mais alto nível procurando curar, educar e liderar. Decorreu violência pelos Estados Unidos contra brancos por toda a nação nos dias seguintes, excepto em Indianopolis. A falta que a televisão fez para globalizar a mensagem.



Foi há 40 anos, na passada quinta-feira 5 de Junho, que o mundo foi roubado de mais que um líder, de uma grande esperança. Hoje um homem que também representa esperança é comparado a Robert. As circunstâncias podem ser semelhantes, 40 anos depois, uma campanha política opondo-se a uma guerra perdida e uma mensagem de mudança. Mas fundamentalmente são diferentes, e não merece por agora crédito a comparação.

Fica a esperança: um pequeno rapaz de 6 anos quando em Indianopolis Robert Francis Kennedy deu o mais importante discurso da sua vida. A esperança de que seja também Obama capaz com inteligência e coragem de mudar a America e o mundo.

"to tame the savageness of man and make gentle the life of this world."

E a esperança de que não fique de novo a bandeira americana viúva de mais uma promessa.

Black Keys

Good music, give it a shot ;-)


Girl is on my mind...
try ignore, try to unwind,
but she is on my mind

eyes are in my eyes...
where I've been, how time flies,
when she is in my eyes

see her standing there...
she's gentle now, and takes great care
see her standing there

hold me close to you...
not one thing, that I would not do
if you hold me close to you

girl is on my mind...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

deal with it

A: What now?

G:
Stay here with you.

A:
Get off the bus.

G:
I can't.

A:
Why not?

G:
Because it doesn't hurt here. I don't want to be in pain. I don't want to be miserable. (...)

Well you can't always get what you want.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

1 is the loneliest number that you'll ever do


play the music...

born to run

to my friend Zé, a free bird who's been held captive against reason

Baby this town rips the bones from your back
Its a death trap, its a suicide rap


original e história da imagem em the time capsule

We gotta get out while were young

`cause tramps like us, baby we were born to run

play the music...

terça-feira, 20 de maio de 2008

my moment of zen

Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser que já é o teu
desaparecimento

digo-te adeus
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti.

guapa, know that it was true when I said: me gustan tus ojos verdes ;-)

sometimes things happen and change too fast.

efémero


e um olhar perdido é tão difícil de encontar
como o é congregar ventos dispersos pelo mar
Ruy Belo

perhaps vampires is a bit strong but...

Cause all you people are vampires And all your stories are stale



And though you pretend to stand by us, I know you're certain we'll fail

(ps: but we didn't. you did, Kekes)

segunda-feira, 19 de maio de 2008

FINALmente


Fartinhos dISTo


Venham mais cinco,
Duma acentada que eu pago já!
Do branco ou tinto.
lairai lai lá...

Não me obriguem a vir para a rua e gritar
Que já é tempo d embalar a trouxa e zarpar.

A vida é dura.
Mais dura é a razão que a sustém.
Só nesta rusga não há lugar para os filhos da mãe!


E o resto já foi escrito, sabem onde.



PS: falta um macaco do gange na foto, seu granda cortes!

Slow Down

Uma mensagem de calma para um mundo demasiado rápido... Agora que vou começar a acelerar, lembrem-me disto de vez em quando para não me esquecer de dedicar tempo ao tempo, não há afinal nada como um café e uma conversa longa... Um livro sem pressa de se acabar, ou um almoço demorado com boa companhia e bom vinho.

(PS: para os mais acelerados ou sem tempo fica o aviso, o video tem 20 minutos)



with or without a cause


... rebel! play!


If you haven't turned rebel by twenty you've got no heart; if you haven't turned establishment by thirty you've got no brains!
Spacey, Kevin



In pride, in reas'ning pride, our error lies;
All quit their sphere, and rush into the skies.
Pride still is aiming at the blest abodes,
Men would be angels, angels would be gods.
Aspiring to be gods if angels fell,
Aspiring to be angels men rebel:
And who but wishes to invert the laws
Of order, sins against th' eternal cause.
Pope, Alexander

Corrupção

corrupção | s. f.

do Lat. corruptione



"O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar."
Vieira, Padre António

Life is a corrupting process from the time a child learns to play his mother off against his father in the politics of when to go to bed; he who fears corruption fears life.
Alinsky, Saul D.



Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão..

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Creation


MUTO a wall-painted animation by BLU from blu on Vimeo.

These are the days when man has his hands on the sublime while he is up to his hips in the muck of madness.
Alinsky, Saul D.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Grande Evento! Registem-se já!

Vivas, já ouviram falar no Pangea Day?

Apesar de ter sido pouco divulgado em Portugal (foi divulgado?) dia 10 de Maio (Sábado) é o Pangea Day - vai ser transmitido em simultâneo para todo o Mundo 4 horas de filme, 24 curtas-metragens. Em Portugal receberemos a transmissão satélite das 19h às 23h do próximo sábado.

Site: http://friendsofpangeaday.tagus.ist.utl.pt

"Como será ver a vida pelos olhos de outra pessoa?"

Imperdível para amantes de cinema e, como dizemos no nosso site, para quem quer ver o Mundo de outra forma.

Como em Lisboa não vai haver nenhum evento público decidiu-se organizar o nosso no IST TagusPark, estão todos convidados!

O evento é gratuito. Se estiverem a pensar ir registem-se em http://friendsofpangeaday.tagus.ist.utl.pt/?q=node/17/eventregistration

Às 18h a Marar vai fazer uma dinâmica de grupo com os presentes que quiserem e forem preparados (mais informações no site).



Já temos a garantia que haverá autocarro entre o campus da Alameda e Taguspark e vice-versa (mais informação no site brevemente).


Espero ver-vos a todos no TagusPark no próximo sábado! :D

Abraços e Beijinhos!