domingo, 31 de agosto de 2008

I've got Soul

protesto em Londres no 5º aniversário
da guerra no Iraque - (c) AFP


terça-feira, 19 de agosto de 2008

Identidade, Realidade, Photoshop

Quão profunda é a influência cultural do software de edição de imagem capaz de manipular fotografias como o Photoshop?

Um recente artigo no New York Times aborda a questão dando a conhecer histórias reais como a de uma mulher que pediu a um amigo que editasse fotografias das férias dos últimos doze anos para digitalmente apagar o seu ex-marido das recordações digitais. Outra história é a de uma senhora que, após a morte do seu pai, contratou um profissional para criar um retrato composto dos dois juntos. É a única foto que tem dela com o pai. É falsa, mas não faz mal.

A fotografia atravessa assim uma fase surreal: a sociedade redescobriu neste meio um veículo de realidades forjadas. Mas o terrível é que a fotografia confere a estas ilusões uma presença e uma autoridade indevidas. O legado puro da fotografia como meio de documentação não só está manchado, é abusivamente manipulado como garantia de verdade conferida a artefactos mentirosos.

A utilização destas técnicas de manipulação digital por parte da indústria da moda (atitude desmascarada pela campanha 'Beleza Real' da Dove) não chocou o mundo. O governo Iraniano foi apanhado recentemente por ter digitalmente manipulado imagens e vídeos do lançamento de misséis de teste. Mas a reacção foi apenas de gozo e descrédito.

Não deveriam estes exemplos ser levados mais a sério? São apenas alguns casos que, por incompetência ou acidente, foram detectados. O caro leitor pode estar a ser neste momento colocado numa foto a abraçar George W. Bush ou o Quim Barreiros.

Mais assustador é quando a surrealidade da premissa de Orwell de manipulação do passado comum é transportada para o espaço familiar e pessoal da auto-decepção. Estamos a falar do próprio indivíduo, ou de individuos em grupo, a alterarem conscientemente parte da sua história. Não para manipular o cliente, o cidadão, ou o eleitor, mas para se manipularem a si mesmos.

A fuga aos problemas da realidade é tão antiga como as drogas e o entretenimento. Mas que fraca endurance emocional é esta, em que queremos escrever falsas realidades invés de aceitar as coisas como são e - quando possível - trabalhar para as mudar?

Tal como a cirurgia estética esta é mais uma ferramenta de dissimulação na busca individual pelos ideais artificiais e impossíveis da sociedade moderna de perfeição. Uma moral corrosiva esta, que em prol do desejo de uma vida perfeita - passado e presente - tudo vê como passível de ser corrumpido e obliterado. Até a memória, que é senão o que nos define.

De lembrar o poema de Alexander Pope que retrata a angústia de Eloisa face aos desejos carnais que nutre pelo eunuco Abélard. Confrontada com a contradição, Eloise implora não por perdão mas por esquecimento:

How happy is the blameless vestal's lot!
The world forgetting, by the world forgot.
Eternal sunshine of the spotless mind!
Each pray'r accepted, and each wish resign'd ...

Citando o desfecho do filme Vanilla Sky, em que a personagem principal também escolhe viver na ilusão para fugir aos dramas da realidade: Abre los Ojos.

Estão vivos, então vivam!

domingo, 17 de agosto de 2008

Atitude Olímpica

Phelps ganhou a oitava medalha de ouro. De assinalar o relato fantástico do comentador da RTP, o link é para o vídeo RTP de Phelps a ganhar.

Phelps vai chegar à frente. Repare-se naqueles braços, na colocação perfeita das mãos. Ele tem uma ondulação fabulosa, uma pernada impressionante, uma flexibilidade na coluna, nos braços... todo ele é um golfinho! - Comentador RTP (video)

Outro vídeo RTP dos olimpicos de nota é do atleta português do lançamento do peso. Fez uma prova fraca, culpou o horário da prova, e riu-se de si mesmo. Bem vistas as coisas, teve uma atitude deplorável, não por falhar, mas pela forma como encarou o falhanço, tentado desviar a culpa, mais valia estar calado.

Comentou também o quão única é a experiência de participar nos olímpicos para um atleta, o que no contexto da sua derrota e da atitude que demonstrou, só serviu para acentuar a ideia de que ele não devia estar ali.

Sim, posso soar um pouco extremista, mas vejam o vídeo, oiçam o tipo, e perceberão o que estou a dizer. Mais valia que tivesse ficado na caminha...


PS: a RTP é uma grande poia por não meter os vídeos no YouTube ou pelo menos não possibilitar que sejam embebidos noutros sites (como blogs, como este). Tacanhos. Não vêm que perdem mais (em potencial viral de distribuição dos conteúdos que são únicos para nós, portugueses, na nossa blogoesfera, o que por consequinte teria expressão numa forte presença online da marca RTP) do que ganham em fechar os conteúdos no seu site (lucro dos clicks? dos hits na página deles? trolls... ganhavam mais tráfico para as páginas deles criando mais visibilidade da marca online). A SIC e a TVI não lhe ficam atrás em pequenez.

sábado, 16 de agosto de 2008

Matilda Ledger

Além do seu fantástico papel como Joker, Heath Ledger estava também envolvido num nome filme de fantasia de Terry Gilliam intitulado The Imaginarium of Dr. Parnassus. Com a morte de Ledger o filme ficou em suspenso. A solução que Terry encontrou foi utilizar imagens geradas por computador das feições da personagem de Heath a transformarem-se (nas de outros actores) durante a sua passagem por outras dimensões mágicas.


Três excelentes actores aceitaram o desafio e entraram no filme para representar a personagem de Heath pós-transformações. Johnny Depp, Colin Farrell, e Jude Law salvaram o filme. Agora doaram o dinheiro que lhes cabe pela sua participação no filme à filha de 2 anos de Ledger, Matilda. Quiseram, dizem, assegurar o futuro da pequena.

Disse excelentes actores? Mais, são pessoas fora de série! Não é todos os dias que se vê um gesto assim.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

In the Olympic Spirit

While everybody was watching the games, Russia invaded Georgia. I read reddit and digg and etc... I knew. Most people I know, didn't until I told them, the only thing they knew had happened was the great oppening of the Beijing Olympics. They even thought I was kidding.

Meanwhile the Russians are backing off, and the games continue. I wonder if some people are so immersed with the swimming world records being broke that they haven't noticed at all that a proxy-war was fought. A proxy-war, akin to other battles fought during the Cold War.

The US did close to nothing during this war, Bush moaned and other than that, the USAF gave a lift out of Iraq to 800 Georgian troops. America lost the battle of South Ossetia. Probably they didn't expect Russia to support their allies, Russia is known for betraying allies. But when lives are at risk, when wars are fought, only morons rush in with best case scenarios in mind. The same morons that invaded Iraq and are now stuck there.

Military-wise the US didn't present a threat to the Russian operation because all American military might is locked up in Middle-East (there's where the oil is, right?). US Army is just spread too thin. The Russians knew this would have to end up eventually, but no need to rush, enough time to scare the hell out of Georgians for thinking they can do whatever they want just because they're friendly with the US. Guess what? Doesn't guarantee you much if Russia decides to trumple over the border.

Diplomacy-wise, how can Bush claim any moral ground and say ill of Russia for invading a sovereign nation? Iraq was a sovereign nation. So was Afghanistan. So are others such as Iran, North Korea and Pakistan. How can a warmongering President, who also happens to be an idiot, expects any credit overseas for preaching for a cease-fire or for saying that the invasion of a sovereign nation is wrong?

No medals up for grabs when it comes to war, but this time, in this game, America really missed the mark.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

you can always lean on me but

notificação formal

Em 92, dois anos antes da data da sua morte, Charles Bukowski fez ao mundo o favor de escrever uma deliciosa prosa anti-social (aviso: linguagem ofensiva):


notice
citizens of the world
I rennounce you.

I have
long ago.
but this is a formal
notice.
me against
you.
a restraining
order.

fuck off.
dry up.
vanish.

don't come to
my door
with pizza
pussy
or offers of
peace.

it's too late.

the music has
frozen in the
air
castrated by the
absence of your
presence.

Cão Azul

Caros leitores, a quém me quiser oferecer T-Shirts do Cão Azul, eis aquelas que realmente me suscitam riso compulsivo ou pelo menos um esgarzinho:




Recomendo ainda para o amigo Animal Político esta mensagem:

(ainda não é este ano que vais a medalhas portanto :P)


Não posso também deixar de comentar o quão apropriada é esta outra t-shirt para o Mário Augusto da Castanheira (o Zé)

(melhor melhor só se fosse a cena da Stella :D)


PS: falta uma T-shirt no espírito olímpico com ilustrações devidas e o texto "Invading Georgia is Not a Sport"

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Quid Bono?

Das coisas que nos rodeiam, algumas têm uma certa carga. Exercem continuamente pequenas forças, têm uma história, são gravidade.

Outras, bem vindas, são como se fossem quase tabula rasa. Só sabem puxar para cima. Like Jazz.

The funny thing is, your surroundings are of your own choice.


Flutuar.




sexta-feira, 1 de agosto de 2008