sábado, 1 de novembro de 2008

racionais

A perseguição da excelência, qualquer que seja a sua definição e o seu contexto, é uma busca que não termina. É uma prática, é um contínuo, é um desafio constante que requer a luta diária contra o laxismo em todos os cantos onde o encontremos e toda a situação em que a preguiça nos tente. Como aconselha a Rainha de Copas à Alice: no mundo real tens de correr duas vezes mais depressa só para te manteres no mesmo sítio.

«We are what we repeatedly do.
Excellence then, is not an act, but a habit
Aristotle

Urge repetidamente uma chamada de confronto interno com a realidade. Nessa actividade contínua e implícita de todos que é a arrogante vontade de querer ser mais e melhor, há a sublinhar a importância do ponto de controlo necessário a qualquer gestão, o terceiro passo no ciclo de Deming: check.

«Obstinas-te em ser mundano, frívolo e irreflectido, porque és cobarde. Que é, senão cobardia, o não quereres enfrentar-te contigo mesmo?»
Josemaría Escrivá

Este é naturalmente o ponto problemático do processo pois envolve a maldita introspecção, como nos aconselha a placa na cozinha da Oráculo (Matrix): know thyself. O passo seguinte, o da acção em conformidade com a situação identificada, deveria ser uma consequência natural emergente deste conhecimento.

Se o não é, falha de base a resolução, a solidez do conhecimento, ou a honestidade e profundidade da introspecção. Pior será se falha de base a vontade, a crença, e a motivação implícita de trilhar um caminho que se diga de progresso, de mais e melhor, e de salutar individualidade. Não é necessário conhecer o caminho, até porque não é possível conhecer o caminho. Mas como responde o gato à nossa confusa amiga Alice: senão sabes para onde vais, qualquer caminho te levará lá.

Os trajectos pré-programados são portanto inúteis. O importante é saber como se quer caminhar, porquê, e saber ajustar o percurso à medida que vai sendo trilhado.

«I have always found that plans are useless, but planning is indispensable.»
Dwight Eisenhower

É deste processo que são feitas as únicas certezas válidas, as da ciência. As leis que são forgadas na chama da dúvida. É apenas sobre uma cultura de dúvida, de inquisição, de contante verificação que se podem manter válidas crenças, admitindo-as como hipóteses a (des)provar e não como inquestionáveis.

É pela submissão ao processo científico da dúvida e à vontade da melhoria contínua que podemos estar certos de que a nossa liberdade não é alienada. É assim o método científico, deveria ser assim (por principio é) o método eleitoral vigente dos estados democráticos. Funciona para a evolução da raça e para a passagem e melhoria do conhecimento colectivo. É a base da governação mais igualitária e imparcial que até ao momento se conseguiu atingir (ainda que menos eficiente a nível financeiro, é um preço a pagar de bom grado pela garantia da liberdade).

Parece-me por tudo isto um bom modelo para governação pessoal.

Mas fora deste âmbito do rigor e da frieza e do que é mensurável nas relações humanas, surgem os pequenos saltos de fé. A palavra pequenos é aqui empregue com um intento manipulador pois todos os saltos de fé, sendo saltos, são para qualquer cientista grandes demais.

Mas, humanos que somos, resta-nos nas nossas interacções, humanas, simplificar as nossas crenças. Dogmatizar. Em particular as crenças mais complexas. É-nos portanto necessário, por optimização, aceitar como certo o que não podemos, não sabemos ou não queremos verificar.

É preciso em certos pontos, dar um salto de fé, mesmo sabendo que existe o risco de se cair. É assim que se lança qualquer empreendimento, financeiro, empresarial, social, pessoal, individual ou partilhado, que tenha a boa ventura e o privilégio de alcançar algum sucesso e com um pouco de sorte, tornar-se algo duradouro.

«Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better. »
Samuel Beckett

Todos caímos, mas sem tirar as rodinhas à bicicleta ninguém aprende o equilíbrio. Como Locke (o careca da naifa, não o filósofo) por vezes quando estamos perdidos resta-nos este salto.

Chama-se confiar.

Dito tudo isto, gostava de concluir sublinhando que tudo o que digo está naturalmente, tal como o próprio método cientifico e o regime democrático enquanto formas de organização e pensar,
sujeito à prova (em contrário). Todos os comentários são portanto encorajados e bem vindos.

Bem, tudo à prova menos isto: Sejam felizes!

:-)

5 comentários:

João Mateus disse...

Depois de um post como este, sinto que uma profunda raiva. Mas num bom sentido, no sentido de que tenho que melhorar e muito a escrita e os temas dos meus post :P

Quem fala assim não é gago!
Gostei

Calucifer disse...

devias começar a escrever daqueles livros de orientação pessoal. ou isso ou associares-te ao paulo coelho.

Sophia disse...

A história de que os planos não servem de muito é bem verdade!
Apesar de não podermos saber o caminho, convém ter umas luzes do que queremos encontrar nele!
Só uma coisa: o "Sejam Felizes!" tem direitos de autor, estás a ouvir!? :P
No geral, gostei, sim sr., não tenho nada a contrapôr.

Rendeiro disse...

Cara Sofia,

Isto tem de ser regularizado por trâmites legais. Temos de fazer um acordo de direito de autor partilhado ou de pagamento de tributos de direitos de autor para os seguintes termos:

"Isto não é normal" e a variação "This is not the usual", "Sejam Felizes", "'Tadito(a)!",
e "'Tá pior!"

(escapou-me algum? :P beijinho!)



João,

A qualidade dos teus posts é bastante decente e és mais objectivo que eu que só sei é dar tangas de gajo de fato pá :P



Joana,

Quem dera ao senhor Coelho, sim? :P

PerleKes disse...

Isto não têm bonecos?!Só texto!?
Que aborrecido!! :p

Pah, tá mt bem escrito..mas n trás nada de novo :p...

Andas demasiado tempo com os tipos que sabem dar conversa!Na tarda nada estás a vender projectos :p