quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Nós por cá não temos Obama

Um Animal Político é o novo blogue de um amigo meu. A expressão que deu nome ao blogue foi usada por mim como elogio às suas capacidades de argumentação (*cof* spin *cof*). Assim sinto-me um pouco como o padrinho do blogue. Com o pretexto de lançar tema de conversa inter-blogues temos hoje uma estreia no castelo: vou falar de política.

Hillary Clinton era há alguns meses considerada a próxima candidata democrata às presidenciais de 2008. Surgiu o fenómeno Obama e tudo mudou; a corrida é agora renhida. Contra as previsões que favoreciam Obama, Hillary ganhou ontem no estado de New Hampshire. Mas Obama não irá certamente abaixo, Iowa não foi aleatório.

O Senador Barack Obama rivaliza com a mulher do ex-Presidente na angariação de fundos e votos. Um homem cujo primeiro nome rima com Iraque e o segundo está a um letra do inimigo público número um dos EUA. Como é que ele conseguiu?

Com uma campanha de auto promoção montada em menos de 1 ano, procurando o eleitorando que vota pela primeira vez (18 anos) e promovendo marketing activo na web (algo que pouca gente é capaz de fazer decentemente e com resultados).

Obama atrai os votos dos jovens, dos independentes, da população negra, e dos imigrantes. Já foi comparado a J.F.K. e irmão R.F.K., M.L.K. e mesmo ao republicano Ronald Reagan. Hillary prefere compará-lo (depreciativamente) a Jimmy Carter.

A América e o mundo precisam mais uma vez de acreditar na democracia. O sistema político e o modelo capitalista estão em crise de fé. São figuras como Obama que de tempos a tempos injectam confiança no sistema político. Alguns morrem por isso. A confiança que o sistema exige é depois gasta em guerras e escândalos e mais tarde reposta de novo. A História repete-se.

Fica a esperança naive que o próximo governo dos EUA tome acções que vão além da confiança que precisa recuperar. Que se caminhe no sentido de querer manter essa confiança. Que se tomem as acções necessárias a melhorar um pouco o mundo invés de simplesmente proteger o status quo.


Talvez mais naive seja a vontade de ter na política Portuguesa homens como Obama. Somos tão parados e desinteressantes que restaurar a confiança no sistema é simplesmente sinónimo da passagem de testemunho entre PS e PSD, antigamente esquerda e direita, hoje direita e direita.

Não conseguimos sequer encontrar figuras políticas em Portugal capazes de conciliar credibilidade e dinamismo. Parece que um é antónimo do outro, ninguém acredita nos populistas e os que merecem (algum) crédito - basta recordar os 3 candidatos às últimas presidenciais - não têm qualquer vigor...

1 comentário:

João Mateus disse...

O apoio da Oprah ao Obama, a qual se juntou à campanha à uma ou duas semanas atrás, de certeza que teve e terá uma larga influencia nas votações futuras.

Oprah é negra e mulher, é a pessoa que nos meios de comunicação tem mais poder. Ao apoiar Obama, é claramente uma opção claramente racial, enquanto se tivesse optada pela Hillary seria claramente feminista. Mas esta escolha acarreta muito mais devido a ela ser uma mulher negra, tenho a certeza que levou muitas mulheres brancas a votar em Obama, enquanto se tivesse apoiado a Hillary duvido que conseguisse trazer mulheres negras para o lado de Hillary, porque a questão racial, a oportunidade de colocar pela primeira vez na história alguém na casa branca de raça negra seria algo que acho nem mesmo a Oprah conseguiria manipular.

Mas e o outro lado..Giuliani e John McCain, o primeiro com uma enorme especição internacional mas muito mal visto pela pessoas de Nova Iorque, o 2º um senador com bastante poder. A minha aposta para a vitória cai sobre Giuliani, vejo na minha cabeça todos aqueles cowboys de arma em punho a dizer "Let's go boy.." com sede de continuar guerras e guerrinhas, afinal ele foi o mayor da cidade onde o mundo mudou.

No final, gostava de ver a Hillary na casa branca, sempre gostei dos Cliton, mas eu não sou Americano por isso..