quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Human

Estes rapazes estão no meu top dos tops: The Killers. Depois do fantástico All The Things That I Have Done com o verso de refrão I've got Soul but I'm not a Soldier que patrocinou na minha memória os olímpicos 2008, os assassinos atacam de novo os tops da pop com Human.


Human - The Killers

As letras são em geral abertas à interpretação e semi-crípticas (não ultrapassam a Yellow Ledbetter mas pronto), em particular o verso: Are we Human or are we Dancer? Não, não é denser nem é plural é mesmo dancer. A palavra não tem múltiplos significados na língua inglesa nem noutras línguas (que eu saiba e que seja relevante).

Brandon Flowers, vocalista e teclista da banda clarificou o mistério numa entrevista. O verso é uma referência a uma sátira mordaz do jornalista Hunter S. Thompson, conhecido pela sua língua afiada. Thompson comentou que a America de hoje procria e educa uma geração de dançarinos. Entende-se aqui dançarinos como indivíduos desprovidos da sua individualidade que seguem a coreografia que lhes é ditada, que temem sair do tempo, que marcham. Indíviduos incapazes de procurarem o seu próprio ritmo e de pensarem por si próprios. Não-indíviduos que não aprenderam a lição do Professor Keating.

Keating: "(...) you must trust that your beliefs are unique, your own, even though others may think them odd or unpopular, even though the herd may go, "That's baaaaad." (...) I want you to find your own walk right now. Your own way of striding, pacing. Any direction. Anything you want. (...) Gentlmen, the courtyard is yours."
Keating: "You Don't have to perform. Just make it for yourself. Mr. Dalton? You be joining us?"
Charlie: "Exercising the right not to walk."
Keating: "Thank you, Mr. Dalton. You just illustrated the point. Swim against the stream."

A letra de Human reflecte essa dificuldade: "Some times I get nervous when I see an open door." A incapacidade de lidar com a oportunidade. A ironia criada naquela que se proclama como a terra onde tudo é possível, a terra das oportunidades e dos sonhos.

Thompson que sofria de dores crónicas suicidou-se em 20 Fevereiro de 2005 com um tiro na cabeça. Deixou um bilhete intitulado "Football Season Is Over" mais tarde publicado na revista Rolling Stone:
"No More Games. No More Bombs. No More Walking. No More Fun. No More Swimming. 67. That is 17 years past 50. 17 more than I needed or wanted. Boring. I am always bitchy. No Fun — for anybody. 67. You are getting Greedy. Act your old age. Relax — This won't hurt."

O seu amigo Ralph Steadman comentou a propósito do trágico desfecho:
"(...) He told me 25 years ago that he would feel real trapped if he didn't know that he could commit suicide at any moment. I don't know if that is brave or stupid or what, but it was inevitable."

Talvez a música dos The Killers seja dedicada ao último acto de humanidade de Thompson.
Close your eyes clear your heart, cut the cord
(...)
Pay my respects to grace and virture, send my condolences to good
Give my regards to soul and romance, they always did the best they could
And so long to devotion you taught me everything I know
Wave good bye wish me well, you've gotta let me go

2 comentários:

Carlos Fonseca disse...

Thanks por fazeres sentido à musica :)

Calucifer disse...

Gostei particularmente da repescagem dos poetas mortos.Acho que o termo que te falta é marionete. :)