À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!
:-)
Também gosto desta parte:
Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Ser completo como uma máquina!
Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!
Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto,
Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento
A todos os perfumes de óleos e calores e carvões
Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável!
Fraternidade com todas as dinâmicas!
Promíscua fúria de ser parte-agente
Do rodar férreo e cosmopolita
Dos comboios estrénuos,
Da faina transportadora-de-cargas dos navios,
Do giro lúbrico e lento dos guindastes,
Do tumulto disciplinado das fábricas,
E do quase-silêncio ciciante e monótono das correias de transmissão!
Obrigado Fernando. És o maior!
3 comentários:
Esse poema é muita louco!O homem devia tar possuido (e a escrever dentro de um motor:p) quando o escreveu:p
mas alguém tem duvida que ele é o maior??
acho que fica excelente
Não é o meu preferido, mas sem dúvida de que para cumprir prazos, deve ser o melhor dos heterónimos, tal é o speed do homem (e palpita-me que vais precisar, parece-me um excelente prefácio para a tese)! :P
De qualquer forma era saudável, saíres de vez em qd dos artistas e leres qq coisinha de maxmen ou fhm! lol
Agora a sério Fernando é fixe!
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